Por ARIOVALDO IZAC
Campinas, SP, 4 (AFI) – O futebol é tão caprichoso que, por vezes, a gente corre risco de ‘queimar a língua’. Em postagens anteriores, citei o amplo favoritismo da Ponte Preta sobre o Avaí, no jogo que travaram na tarde deste domingo (4) em Campinas.
Mas a vitória dos pontepretanos por 1 a 0 foi daquele jeito, e com susto de sofrer empate aos 50 minutos do segundo tempo, quando o juizão Sávio Pereira Sampaio marcou toque de braço do zagueiro Joílson, da Ponte Preta, dentro da área, em cruzamento do atacante Cassiano.
Com a marcação do pênalti, foi necessária a intervenção do VAR para chamá-lo, visando a revisão do lance. Aí ficou claro que a bola resvalou no peito de Joílson, e a marcação do pênalti foi desconsiderada.
JOÍLSON MUDA TUDO
Pois é, com a suspensão do zagueiro Mateus Silva para este jogo, a lógica indicava que a entrada de Joílson, no lugar dele, em nada mudaria o comportamento defensivo pontepretano, então ajustado.
Na bola, tem coisas que precisam ser bem consideradas. Não se sabia em que condições Joílson reassumiria lugar na equipe, e não é que a entrada dele provocou desarrumação de todo setor, se bem que houve precipitação do treinador Nelsinho Baptista ao proceder a volta do lateral-esquerdo Gabriel Risso, fora de forma e sem confiança.
Como na vida prevalece o dito ‘vivendo e aprendendo’, coisas que supõe-se não provocar mudança do contexto, de repente mudam.
FAVORITISMO?
O desenho no pré-jogo era que a Ponte Preta apenas seria surpreendida pelo Avaí se ela perdesse para ela mesma.
E não é que quase isso acontece, com aberrações do zagueiro Joílson, que teve incumbência de substituir o titular Mateus Silva.
Parece que o Avaí estava adivinhando que a mina para se aproximar do gol seria o lado esquerdo de seu setor ofensivo. Pois aos cinco minutos, quando o atacante Garcez foi lançado nas costas do lateral-direito Igor Inocêncio, com descuido de Joílson para a cobertura, o chute ‘triscou’ a trave direita.
Dois minutos depois, repetição do mesmo expediente, e a finalização de Garcez saiu à esquerda da meta pontepretana.
MAIS RISCOS
Aqueles desajustes do lado direito da defensiva da Ponte Preta influenciaram até o lado esquerdo, pois em passe longo do time do Avaí, a bola chegou aos pés de Pedro Castro pela direita.
Aí, após o cruzamento e desatenção agora do quarto-zagueiro Sérgio Raphael, bastava o atacante Gabriel Barros só complementar, livre de marcação, mas o chute saiu à direita da meta do goleiro Luan, da Ponte Preta, aos 24 minutos.
Como o lado direito da defesa pontepretana continuava um desastre, em bola enfiada para o centroavante Vagner Love, onde estava Joílson para marcá-lo, aos 38 minutos?
Por sorte da Ponte Preta, o goleiro Luan praticou defesa com os pés. ele que substituiu o titular Pedro Rocha, igualmente suspenso.
BRONCA DE VESTIÁRIO
Aí há de se indagar: como a Ponte Preta, na condição de ampla favorita contra um oscilante Avaí, corre risco de sair em desvantagem no placar no primeiro tempo, e registrar apenas uma jogada bem trabalhada pelo meia Élvis, centroavante Jeh e conclusão péssima do atacante Matheus Régis, aos 40 minutos.
A costumeira bronca de vestiário do treinador Nelsinho Baptista, durante o intervalo, resultou em ‘pegada’ mais firme da equipe, para se evitar o desenho de chances criadas pelo Avaí.
O que não se contava é com terrível furada do inseguro Gabriel Risso, com bola aparentemente sobre o controle dele, logo aos dez minutos, o que implicou no atacante Pottker, do Avaí, ficar cara a cara com goleiro Luan, que praticou a defesa com o pé esquerdo.
Justo Risso que apenas aos seis minutos daquele período chegou pela primeira e única vez ao fundo do campo, para cruzamento. Se apenas Jeh dava trabalho à defesa do Avaí, Nelsinho Baptista buscou alternativas. Sacou o ineficiente Matheus Régis para ganhar mais volume ofensivo com a entrada de Gabriel Novaes.
CABEÇA DE JEH
Foi aí que em cruzamento do atacante Everton Brito, pela direita, o estilo Jeh, para testar a bola, colocou a Ponte Preta em vantagem, aos 32 minutos, com bola no canto esquerdo.
Detalhe: o risco de clube que conta com o hesitante zagueiro Alan Costa, do Avaí, é previsível. Ele, que havia substituído Roberto – marcador implacável de Jeh – não estava na bola, como deveria, naquele lance. Aí, o incumbido da disputa foi o lateral-direito Marcos Vinícius, de menor estatura.
TROCAS NA PONTE
Como era natural se esperar maior volume ofensivo do Avaí, a partir de então Nelsinho soube se precaver oxigenando o cinturão de marcação com a troca de Émerson por Émerson Santos, assim como a entrada de Dodô no lugar de Élvis, na sequência.
Eis o retrato de um jogo em que se imaginava uma coisa com a troca de uma ‘peça’ no time pontepretano, mas ela quase coloca tudo a perder, como em outro lance em que Pottker cruzou, a bola percorreu toda extensão da pequena área, e Joílson não estava no lance. Por sorte dele, o pé salvador de Igor Inocêncio evitou a conclusão de Natanael, aos 31 minutos.
Esse é o troço chamado futebol, em que, paradoxalmente, uma ‘peça’ mexida no xadrez, por vezes, coloca uma equipe em risco.